Infraestrutura

Plano é colocar pedágio em toda a RSC-287 e duplicar toda a rodovia em até 30 anos

Deni Zolin


Imagem: Arte sobre reprodução Google

Desde o início do governo Sartori, os planos das secretarias de Transportes e de Planejamento são fazer as concessões de rodovias estaduais para a instalação de pedágios e obras de melhorias e duplicações. Mas, surgiram dúvidas: com o governo chegando ao final, haverá tempo de fazer essas concessões? E que estradas e trechos devem ser concedidos e que obras e duplicações serão previstas?

Para tentar esclarecer isso, conversei com o secretário estadual de Planejamento, Carlos Búrigo, e com o engenheiro e professor da UFRGS, Luiz Afonso Senna, que não é ligado ao governo, mas coordenou o Plano Estadual de Logística e Transportes (Pelt-RS), que traçou que obras serão necessárias nas rodovias gaúchas nas próximas décadas.

Búrigo diz que, apesar da demora, os planos de concessão seguem, sim. Segundo ele, está sendo concluído o estudo técnico que é feito pela holandesa KPMG (contratada por licitação) para definir o modelo indicado para a concessão da RSC-287, da RS-324 (Passo Fundo a Nova Prata) e da RS-020 (Gravataí a Taquara).

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Segundo Búrigo, nas próximas semanas será entregue esse estudo sobre os 204 km da RSC-287, entre Santa Maria e Tabaí (BR-386) e um conselho gestor vai definir se o projeto será tocado adiante ou não. Ele diz que deve ser feita a concessão de toda a RSC-287, devido à situação financeira do Estado - se isso ocorrer, o trecho hoje administrado pela estatal EGR passaria também à iniciativa privada. Ou seja, a tendência é haver pedágio inclusive perto de Santa Maria.

Daí, surgem outras dúvidas: qual o custo dos pedágios? Será feita duplicação? Segundo Búrigo, esse estudo detalhado indicará que obras devem ser previstas a cada ano em cada trecho. Isso depende de fatores como o volume de tráfego da rodovia atualmente e da previsão de tráfego para o futuro. Mas ele garante que o plano é duplicar toda a RSC-287, de Santa Maria à Tabaí, em até 30 anos. Poderá ser antes, dependendo do que apontarem os estudos. Mas e o governo Sartori conseguirá fazer a concessão até o final do ano?

- O Estado do Rio Grande do Sul não termina no final do ano. Nós temos de ter projetos que perpassem as gestões. Nossa gestão termina no final do ano. Esse é um processo que começou em 2016 e, no momento que ficar maduro, se conseguirmos fazer esse ano, melhor. Se não conseguirmos fazer agora, vamos fazer o planejamento para o futuro. Agora, se outro governador achar que não deve ser feito, aí é um problema administrativo. Mas o projeto vai ficar pronto não só para essas estradas. Até porque o tesouro do Estado nunca vai conseguir fazer uma duplicação de uma estrada como a RSC-287 para resolver os gargalos que ela tem. A única chance que nós temos é buscar parcerias, como o mundo inteiro está fazendo. O processo vai ficar em pé mesmo se termine neste ano ou nos próximos - diz Búrigo.


DUPLICAÇÃO DA 287 É NECESSÁRIA, MAS PODE SER FEITA AOS POUCOS

Apesar desses planos, só o tempo dirá o que vai acontecer. Sonhar com uma RSC-287 duplicada é importante e precisa mesmo ser um projeto de Estado, não deste ou daquele governador. O professor da UFRGS Luiz Afonso Senna, que coordenou o Plano Estadual de Logística e Transportes (Pelt), diz que o estudo procurou identificar os gargalos passados e atuais das rodovias gaúchas e quais devem ocorrer no futuro, com o crescimento da economia.

- Nesse estudo do Pelt, a RSC-287 é apontada como uma rodovia fundamental para o Estado. Assim como a BR-386, são rodovias estruturantes que fazem acesso e viabilizam tanto a exportação, a movimentação da produção do Estado, quanto o recebimento de insumos ao consumo interno. Por isso, toda a 287 precisa estar em boas condições e ser aumentada sua capacidade, duplicada, porque é fundamental. Agora, como o governo está pensando em fazer isso, vai depender dos estudos (que estão sendo feitos pela KMPG) - diz Senna.

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Ele reforça que não precisa fazer a duplicação toda de uma vez, mas começar com terceiras faixas e duplicações de trechos menores, onde há mais necessidade, para chegar daqui a alguns anos ou décadas com toda a estrada duplicada. Por isso, foi cogitado que a duplicação na 287 deve começar primeiro pelo trecho de 77 km entre Santa Cruz e Tabaí, por ter mais movimento, sendo concluída até 2024. Mas é preciso aguardar o estudo da KPMG:

- A ânsia do governo é duplicar tudo logo. Esse foi um dos erros do governo Dilma, que está dando problemas sérios com as concessões federais porque botou muitas obras no início, e isso impacta muito na tarifa. Fica cara se fizer muitas obras logo. Esse é um cuidado que o pessoal que está formatando o projeto de concessões do Estado parece que está tomando. Não colocar todas as obras no início, ir resolvendo os gargalos que vão surgindo.


DESABAFO E DEFESA DAS CONCESSÕES

Tenho de concordar com o desabafo do engenheiro da UFGRS Luiz Senna, quando ele defende as concessões de rodovias. Ele diz:

- O bom da crise que a gente está vivendo é que ninguém mais pode brincar de ser governo. Nenhum partido tem mais esse direito de iludir a população com promessas absurdas, etc. Então, hoje estamos em uma situação da economia do Estado muito pragmática. Se o Estado não fizer o que tem de ser feito, entre as quais estão essas obras das rodovias, nós vamos perder competitividade ao longo do tempo. Nós temos muitas indústrias que estavam no Rio Grande do Sul e foram embora do Estado. E se o próximo governo entrar e for redescobrir a roda, ignorar todo o processo que já tem (das concessões), obviamente ele não vai fazer e o resultado é a perda de relevância econômica do Estado, perda de empresas que vão para Santa Catarina e Paraná. Por que vou ficar aqui com a empresa se tem Santa Catarina e São Paulo bombando e se não tenho sequer estradas minimamente qualificadas para escoar minha produção? Nós não podemos ser mais incompetentes. Toda a incompetência estatal que nós podíamos ter, nós já demonstramos, inclusive com todos os partidos políticos, sem exceção, da esquerda ou da direita. Agora nós temos de entrar na era da competência e de pessoas adequadas no local adequado. Secretário de Transportes tem de entender de transportes - afirma.


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